Resumindo, dizia ele que, mal aparece uma micro cervejeira a produzir um produto de qualidade que dá nas vistas e “ameaça “ conquistar um lugar no panorama nacional ou internacional, logo surge uma macro a procurar sufocá-la, ou, pelo menos absorvê-la. E quando tal acontece, o que é quase sempre, normalmente o produto perde muita da sua identidade.
Estou completamente de acordo com a reflexão. E ao mesmo tempo bendigo a teimosia daquelas pequenas industrias que resistem ao assédio, para que nos seja permitido usufruir daqueles pequenos tesouros gastronómicos que saem das suas fermentações.
Algumas são já lendárias, como é o caso da que hoje trago, a cerveja trapista Westvleteren, maturada na Abadia de Sint Sixtus, na Bélgica. Esta cerveja, dada a sua reduzida produção, torna-se tão difícil de encontrar que por vezes deverá haver quem suponha que se trata de mais um mito. Tudo isto suportado pelas muitas histórias contadas por amantes de cerveja, algumas verdadeiramente épicas, na demanda do sagrado néctar. Ou ainda pelos preços verdadeiramente astronómicos pedidos por alguns sites na net, por um exemplar da tão almejada cerveja.
Faço parte daquela legião de malquistos da fortuna que ainda não tive o prazer de provar qualquer dos produtos dos monges trapistas de Sint Sixtus, e uma visita à abadia, nomeadamente ao In the Vrede, a loja anexa onde se vendem os seus produtos, está, por enquanto, longe do meu horizonte, pelo que só me resta sonhar que um dia destes tenha acesso ao cálice sagrado, repleto com uma Westvleteren 12. Sim, que sonhar não custa nada.
P.S.- Ah! Li há uns dias que a Cerveceria El Flabiol em Barcelona, deverá ter, ocasionalmente as Westvleteren, em fins de Agosto. Precisamente na altura em que farei uma visita à bela cidade de Gaudi! Que tal, hein?
At 20 de junho de 2007 às 23:15, DJ Bruto
Amigo Vic,
obrigado pelo elogio mas duvido que o mereça. Aliás, o CdM só tem algum interesse pela participação de todos, que com as vossas sugestões e comentários o têm tornado num espaço de divulgação da cultura cervejeira. Tal como acontece com o Ruivas.
Relativamente à Westvleteren e às outras trapistas, tinha muito para dizer, como poderás presumir, mas vou tentar sintetizar ao máximo. Já tive a felicidade de experimentar as Westvleteren 12 e 8. E são tão fabulosas quanto se diz. Uma explosão de sabores e de sensações invade-nos assim que tragamos o primeiro gole e a profusão de aromas acompanha-nos até ao fim. Pertencem mesmo à realeza das cervejas. É claro que eu tenho um fraquinho especial pela Orval, provavelmente a mais diferente de todas as trapistas, até no rótulo e na garrafa. As fortes notas a especiarias e a laranja tornam-a única e inimitável. Em primeiro lugar e em ex-aequo com estas colocaria a Rochefort 10. Adoro aquele sabor a passas e a forma como álcool é redondo e nada agressivo. As Chimay, Westmalle são também muito boas mas coloca-as num patamar inferior. Falta.me ainda experimentar as Achel. Não deve faltar muito pois tenho aqui uma Blond 8 que deve apreciar em breve :)) Abraço.
At 21 de junho de 2007 às 17:35, Vic
Amigo Bruno,
não há ponta de exagero. Embora me pareça que só o nosso entusiasmo não vá chegar para alterar alguma coisa, mas enfim, vamo-nos dedicando àquilo que gostamos, e já é compensador.
Por mim, trocava de lugar a Orval e a Rochefort (sou um incondicional), e também acho muito boas as Chimay. Ah! e a Achel...Muito boa mesmo
Abraço