Ruivas, Louras & Morenas

sábado, 26 de junho de 2010

Injustiça por omissão. Foi o que aconteceu comigo, sendo eu o réu. Como deixei este sítio abandonado durante uns meses, ao retomá-lo fui fazer um resumo do e sobre o que escrevera antes, e verifiquei com estupefacção que nunca me referira a uma cerveja que é quase companhia diária: a Leffe Brune.
A Leffe, uma das mais populares cervejas de abadia belgas, é possivelmente mais reconhecida pela sua “blonde”, talvez a melhor blonde ale do país de Brel (note-se que a Duvel é uma strong ale, portanto sem termo de comparação), mas tendo ainda na sua gama uma radieuse ou uma triple e a 9º ou a Vieille Cuvée, confesso a minha predilecção pela sua morena, que costumo beber ligeiramente fresca - nunca demasiado para não queimar sabores - e sempre com grande satisfação.
De espuma abundante e teimosa que vai deixando rasto em alvos anéis no copo, e que mantém até ao fim da degustação, mesmo que esta demore mais que o habitual, o corpo, compacto e de cor muito escura como é normal nas dubbel, é robusto em aromas e sabores, no qual predominam as frutas frescas, e ao qual uma gaseificação natural e no ponto acrescenta uma frescura muito agradável.
Há no entanto uma diferença significativa entre a Brune de pressão (na foto) e a de garrafa. Como é natural, diariamente, consumo a de garrafa, mas prefiro a de pressão - preferência natural, eu sei, que as cervejas de pressão são normalmente de qualidade superior - e por vezes os meus almoços no Les Enfants Terribles são mais pela bela morena, que propriamente pela parte sólida da refeição em si. No entanto, a diferença não é tão dramática que me faça desgostar das que vou, nas tardes de lazeira, buscar ao frigorífico, e que saboreio ao mesmo tempo que, pela janela vejo o sol mergulhar no Tejo.
Um exercício de abstracção total que me deixa sempre em estado zen.

Leffe Brune - **********

Cervejeira: Abbaye de Leffe, Belgica
Vol/Alc: 6,5% Abv
Ano: 2010
Tipo: Brune
Copo: Goblet

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posted by Vic at 6/26/2010 07:19:00 da tarde | 0 comments
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Ao que parece e no que diz respeito á nossa bem amada bebida, as coisas vão mexendo.
Depois da excelente iniciativa da inauguração de uma Cask-Ale no Les Enfants Terribles, descobri que um dos meus restaurantes preferidos, inaugurou uma (ainda reduzida) carta de cervejas, mas de excelente qualidade.
O Sommer é um restaurante na Rua da Moeda, mesmo em frente ao edifício dos CTT da Praça de D. Luís, e que comecei a frequentar há um pouco mais de um ano. Um dia espreitei a carta exposta à porta, deparei com uns pratos interessantes e a preços muito apelativos e entrei. Lembro-me que o 1º que experimentei foi uma tranche de perca sobre esmagado de grão e espinafres que estava espectacular. A partir daí passei a cliente assíduo ao almoço. Nunca saía decepcionado com o que comia e a satisfação só não era completa porque a carta de cervejas era praticamente inexistente. Um dia queixei-me mesmo ao dono - uma simpatia - de que era uma lástima não terem uma lista de cervejas semelhante à dos vinhos, que, ao que sei (não sou um especialista na matéria), é muito boa. Ele tomou nota do meu queixume e disse-me que ia ver o que se podia fazer.
Há uns tempos, e porque passei a ter que frequentar menos aquela zona, as visitas tornaram-se mais esporádicas. Mas ontem à tarde ao passar à porta, não resisti a espreitar a ementa e lá estava a surpresa: uma lista especial dedicada ao Mundial de 2010, que podem consultar seguindo o link. Como se pode constatar, quase no fim lá está: Cerveja Estrangeira - 2€50! Pelo preço, fiquei a imaginar que seria uma daquelas lastimáveis Bud's ou Heineken's. Mas não, trata-se mesmo de cerveja à séria! Poucas mas boas: exactamente 3 da americana Flying Dog, o que excedeu em muito o que poderia aspirar. E vá lá, façamos então publicidade a quem merece, a UnicBeer que "furou" algum estranho bloqueio que até aqui pudesse existir, e começa enfim a vender por cá cervejas da Anchor (Hum!!! só de me lembrar da Old FogHorn...salivo), da Flying Dog, da Boon e da Meantime (ai, aquela Chocolate Beer!!).
Portanto, amanhã lá estarei no Sommer à almoçar e até já escolhi o que vou beber: uma Road Dog Porter! Vamos ver o que vai ser a acompanhar, mas tenho a certeza de que será bom (como se vê, nestes casos funciono um pouco ao contrário do habitual: escolho o prato em função da cerveja).
A quem me quiser seguir um destes dias as pisadas, três ou quatro conselhos/avisos:
- O menú do jantar é diferente do almoço e bem mais oneroso.
- Ao sábado só servem jantares, e é conveniente fazer a marcação antecipada.
- A sala é ampla e o ambiente muito agradável
- As sopas são SEMPRE excelentes.
Enjoy!

Vic

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posted by Vic at 6/24/2010 05:48:00 da tarde | 8 comments
terça-feira, 22 de junho de 2010
Quando se passeia por Londres em pleno Verão, o mais provável é apanhar uma molha inesperada, mesmo que à saída do hotel nos apareça radioso o sol. Mas nunca se sabe, e portanto, interessante quando tal acontece é ter um daqueles típicos pubs ingleses ali à mão. É preciso é que não seja demasiado fumarento, isto na opinião do escriba, para quem o fumo é um entrave à degustação decente de uma boa cerveja, que é o fim exclusivo com que entro num desses inconfunfíveis bares, mesmo que da sua tradição faça parte precisamente...o fumo.
Nesses pubs, geralmente a oferta de boa cerveja inglesa é farta. De barril ou de garrafa, a dificuldade está na escolha.
Não sou, porém, o que se pode chamar um indefectível das cervejas inglesas. Têm algumas memoráveis, mas na sua maioria enquadram-se naquilo a que os ingleses chamam de "Session Ales". Isto é, podemos estar uma tarde ou uma noite inteira em amena cavaqueira ao mesmo tempo que emborcamos uma após outra, que no final nos levantaremos sem a mínima dificuldade e rumaremos ao nosso destino quase como se tivéssemos acabado de beber uma coca-cola.
Lembro-me que um dia em Barcelona, ao procurar umas cervejas que me interessavam numa belíssima casa de cerveja daquela cidade, a Cerveteca, o homem que me atendia e que suponho ser um dos responsáveis, me inquiriu:
- Só gostas de cervejas fortes? - tinha a pergunta a sua origem no facto de eu procurar barley wines, que é um tipo de cervejas que dificilmente por cá se encontram, e que habitualmente atingem mais de 10% de graduação alcoólica.
Expliquei-lhe o porquê da procura, mas acrescentei que realmente aprecio mais cervejas com "alma". E fico muito mais aconchegado com uma cerveja encorpada, do que com várias daquelas muito cristalinas e suaves, e geralmente, aquosas. Foi assim a modos que dizer-lhe que prefiria a qualidade à quantidade.
O homem riu-se e respondeu-me:
- Pois olha, eu não. Prefiro fraquinhas…mas muitas!
Fiquei esclarecido. E deixei a conversa por ali, até porque o meu castelhano é pouco melhor que o de algumas figuras públicas que para aí andam e dar mais explicações podia ser complicado...
É claro que dizer que a graduação alcoólica é que dá corpo e alma a uma cerveja é um completo disparate. Há outros factores a ter em conta quando se aprecia uma cerveja. Há-as fortes que são execráveis, e outras cuja graduação pouco ultrapassa os 4% de Abv e que são excelentes.
Está neste caso esta Nut Brown Ale. 5% de Abv, uma suavidade de veludo e um sabor que se entranha de forma quase ditatorial.
Espuma de bom tamanho, pouco duradoura contudo, e uma cor acastanhada/rubi radiante. Aromas tostados muito acticvos, os frutos secos ao de cima. O sabor – ou para ser mais exacto, os sabores – misturam os malte, os frutos secos – Nut não está no nome por acaso – e uns adocicados tons de maçã ou qualquer coisa nesse género, que a definição é complexa.
Resumindo, é uma cerveja extremamente sedutora, e que dada a suavidade de todas as suas características, estou certo que nem as senhoras recusam.
Samuel Smith Nut Brown Ale - **********

Cervejeira: Samuel Smith Old Brewery (Tadcaster)

Vol/Alc: 75% Abv
Ano: 2010
Tipo: Red Ale
Copo: Pint Glass

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posted by Vic at 6/22/2010 07:37:00 da tarde | 0 comments
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Como já aqui dei nota, quando posso, dou umas saltadas a Espanha de cujas tapas e pinchos me confesso apreciador. Aliás, mesmo na taberna do nosso El Corte Inglês(o de Lisboa) se encontram muitas vezes alguns pinchos de muito boa feitura e mistura de sabores (gosto especialmente de um de farinheira com maçã, que é uma delícia), pena é que as cervejas de pressão (não têm nenhuma de garrafa) de que dispõem para os acompanhar não seja nada do meu agrado: a HB e a 1906. A primeira é uma lager demasiado lager (sabem que não sou fã de lagers…), a 2ª é uma tostada demasiado áspera para o meu gosto.
Este é um – para mim, óbvio – defeito das tostadas espanholas: parecem-me equilibradas, mas acho sempre que os nuestros hermanos carregam demais nos lúpulos. Ou então, tratar-se-á de um fenómeno que não consigo explicar. Sei é que a cerveja não me é muito agradável.
Paradoxalmente, no restaurante do 7º andar têm algumas boas cervejas engarrafadas (a Duvel, a Kostrijker são algumas…) e a nossa Bohémia à pressão, e que na minha opinião é bem melhor que a HB ou a 1906. Para mal dos meus pecados…aí, não têm habitualmente pinchos!
(Uma nota aparte para referir que conheço vários ECI em Espanha: Badajoz, Madrid, Barcelona, Salamanca, La Coruña, etc, e não conheço nenhum que tenha melhores ou mais variadas ofertas em questões de comeres e beberes)
Bom, mas vem isto a propósito de uma cerveja espanhola que experimentei há pouco: a Ambar Export elaborada pela La Zaragozana, e que é uma cerveja de “três maltes”, conforme as indicações do rótulo.
Atinge os 7º de Abv – que não se notam, o que é um ponto a favor – mas o sabor é demasiado agreste para o meu gosto. Não digo que a cerveja é má, mas não a consegui acabar, coisa que só me tinha acontecido com a Adelscot e com a Floris Chocolat, quaisquer delas absolutamente execráveis. Mas não, nem a comparo a estas duas, embora não me seja agradável. Aliás, devo acrescentar que quando calha ir comer uns pinchos à tal taberna do ECI, e porque não há mais nada a não ser a 1906 é a ela que recorro para os molhar, faço sempre algum esforço para a finalizar (geralmente lá vai mais um pincho…).
Agora, tenho ali a refrescar uma outra cerveja da mesma cervejeira – a Caeser Avgvsta – e só espero que a apreciação seja melhor.

Ambar Export - **********



Cervejeira: La Zaragozana

Vol/Alc: 7 % Abv
Ano: 2010
Tipo: Red Ale
Copo: Pint Glass

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posted by Vic at 6/21/2010 08:14:00 da tarde | 4 comments
...decidi manter o blog da cerveja.
E por acaso, agora até tenho algumas novidades para postar.

Cheers, guys

Vic
 
posted by Vic at 6/21/2010 07:26:00 da tarde | 0 comments