Ruivas, Louras & Morenas

segunda-feira, 30 de julho de 2007
O Alfacinha é um amigo belga, apesar de, ao ler-se o seu blog, se ter mais a sensação de estarmos perante um emigrante português morto de saudades pelo seu “cantinho”, tal o entusiasmo com que ele fala do nosso país e da nossa cultura. Por vezes, dou comigo a pensar que demonstra ele mais carinho e, porque não? orgulho, neste jardim à beira mar plantado, que a maioria de nós, portugueses de gema.
Conheço-o de outras leituras, e não resisti a dar-lhe a conhecer este canto onde dou asas ao meu entusiasmo por essa bebida excelente que é a cerveja, e que no seu país é considerada a bebida nacional. Respondeu-me ele com um post onde enaltecia as virtudes de duas “louras” da sua terra, a Brigand - que me aconselha vivamente, mas que infelizmente nunca tive o prazer de encontrar - e a Westmalle, uma das maravilhosas trapistas, da qual só conheço a versão dubbel (uma sensacional morena). Naturalmente que o conselho será seguido religiosamente, e, espero, em breve.
Mas ambas me fizeram lembrar uma outra “loira” na qual tive o prazer de exercitar o palato. Trata-se da DeKonninck, também ela uma trippel de alta fermentação, de cor amarela/alanrajada, cristalina, que exibe um colarinho branco pouco significativo. Solta de si, um aroma a frutas maduras bastante nítido, e o original malte belga, é acentuado.
Quando se prova esta cerveja, tem-se uma sensação de adocicado e frutas, que a distinguem de outras da mesma categoria mas bem mais amargas. Talvez por isso, a sua ingestão foi tão fácil, que parecia estar em presença de uma lager - mas atenção, a alma que por vezes falta às lagers, estava lá. De tal forma, que…esvaziado o copo, apeteceria voltar a enchê-lo de seguida, até porque, a garrafa em que vinha era de 75 cl. Contudo, a prudência é aconselhável, uma vez que esta capitosa “loura” apresenta uns respeitáveis 8º de Abv.
É uma pena que por cá, esta tal com a Floreffe e outras de semelhante qualidade, só se encontrem em garrafas de ¾ de litro, o que faz com que, no seu consumo, a companhia seja obrigatório. O será que tal facto, constituirá por si só, uma vantagem?


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posted by Vic at 7/30/2007 08:05:00 da tarde | 0 comments
domingo, 29 de julho de 2007
O que escrevo, denuncia sem qualquer espécie de dúvida, a minha preferência pela cervejaria belga, nomeadamente aquelas cervejas encorpadas e fortes de personalidade. Com efeito, sou quase como um daqueles adeptos futeboleiros fanáticos, que defende o seu clube com uma paixão que não raramente, cega. Bom…estou a exagerar, claro. A minha paixão pelas “belgas”, não me obriga a, obstinadamente, fechar as portas - ou o palato - a produtos oriundos de outras paragens.
E nesta altura do ano, em que um calor de ananases nos invade a paisagem e o corpo, nada melhor que um líquido leve, que refresque e que não obrigue necessariamente àquele quase ritual com que "defronto" outras cervejas de grande envergadura.
Esta Bass, uma Pale Ale inglesa de grande expansão, com a sua cor acobreada muito bonita e o aroma característico, mistura de malte e lúpulo amargo, é uma das minhas preferidas nesta época do ano, preferindo-a até às lagers.
Cristalina, e com uma espuma pouco duradoira, tem uma efervescência adequada e um sabor a maltes torrados muito agradável, quase a roçar o caramelo. Aliás, o seu soberbo sabor está bem a condizer com a magnífica cor do líquido. Como um por de sol pacífico em Agosto.
Dizem que será sempre a não perder, quando se encontra a Bass tirada à pressão. Infelizmente, nunca tive oportunidade de me encontrar com ela nessas circunstâncias. Mas sabendo que geralmente numa cerveja, a variedade de barril é superior á sua congénere de garrafa, então tenho que chegar à conclusão de que será mesmo uma experiência memorável.


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posted by Vic at 7/29/2007 01:11:00 da tarde | 0 comments
sexta-feira, 20 de julho de 2007
Se há “famílias” ilustres na industria cervejeira, a La Trappe é certamente uma delas.
Intitulando-se de cerveja Trapista, não está, no entanto, certificada como tal - as certificadas com o desejado selo são a Achel, Orval, Rochefort, Chimay, Westamlle e Westvleteren - facto que não lhe retira qualquer mérito.
Oriunda da abadia de Koningshoeven, na Holanda, e largamente divulgada, os seus produtos abrangem um lvasto leque de tipos de cerveja - nunca encontrei a Witte nem a Bock - , todas descritas no seu excelente site, que poderão visitar em http://www.latrappe.nl/
Por cá, a mais divulgada é a Dubbel em garrafa de cerâmica, podendo, como é o caso presente, também encontrar-se a Quadruppel, esta em garrafa de cerâmica de ¾ de litro.
Sou um indefectível da la Trappe Dubbel, uma das minhas “ruivas” preferidas. O que acho curioso na Dubbel, é que me parece que a cerveja vendida em garrafas de 33 cl - que por cá só encontrei em alturas especiais - não é idêntica àquela das garrafas de cerâmica, sendo que prefiro a das garrafas normais. Assim, encontrei diferenças quer na cor da cerveja - a de 33 cl é mais escura - quer na espuma, que, sendo cremosa e regular no caso das de 33 cl, simplesmente não existe no caso das garrafinhas de cerâmica.
Muito aromática, com os maltes tostados bem presentes, com notas frutadas muito acentuadas. O sabor é condizente. Sendo uma cerveja encorpada, embora o seu Abv não seja muito elevado, é uma cerveja excelente para acompanhar pratos de carne. Com um bom bife á café vai a matar.
Grande, grande cerveja.


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posted by Vic at 7/20/2007 11:59:00 da tarde | 0 comments
domingo, 15 de julho de 2007
Há desafios que se aceitam despreocupadamente. Outros, que pelo insólito, nos levam a ter alguns cuidados com o modo como os enfrentamos.
Com as cervejas, não há que ter receios, mas convém que nem todas as precauções sejam descuidadas.
E esta é uma daquelas cervejas que requer cuidados especiais. Estranha-se a originalidade do copo, extravagante, e é com ele que nos devemos primeiramente preocupar, nomeadamente no seu manuseamento. É um recipiente sem base, o fundo é pontiagudo e assenta numa base de madeira escavada adequadamente, mas convém que a mesa não balance e que não haja descuido quando se pousa após cada gole.
Depois, há o cuidado a ter com a maneira de deitar a cerveja no copo. É que esta cria uma super espuma, pelo que tem que ser vertida muito lentamente, e mesmo assim, teremos sempre uma larga parcela do copo preenchida com a dita.
A Leute (leute em flamengo significa prazer ) é, tal como se pode ler no rótulo, uma bokbier. É verdade que não estou muito familiarizado com este tipo de cerveja, e a princípio estranhei-a. Debaixo daquela espuma cremosa e cor de canela, um líquido muito escuro, quase negro, com notas apimentadas a marcarem o aroma. No sabor, misturam-se as especiarias, da pimenta á canela e ao gengibre, com “pegadas” longínquas de caramelo, e laivos de cidra. À medida que se bebe, torna-se cada vez mais agradável, mas a verdade é que esta cerveja, de tão original, torna-se de difícil catalogação.
Duas notas finais: a primeira para dizer que, a garrafa é bonita, com um rótulo explicativo o bastante e a condizer com a beleza do copo. A segunda tem a ver com o bode (ou a cabra?), presente no copo, rótulo e tampa, e que, ao que consta, se prende com a criação de caprinos que se fazia na quinta onde a cerveja nasceu em 1927.


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posted by Vic at 7/15/2007 11:52:00 da manhã | 0 comments
sexta-feira, 13 de julho de 2007
A constatação é fácil: não sou um apreciador das lager. As minhas experiências com este tipo de cerveja poucas vezes foram animadoras, sabendo-se que as nacionais são o que são, e algumas estrangeiras que conheço também estão longe de me satisfazer, nomeadamente aquela mistela americana chamada Bud.
Mas aí está esta cerveja checa para salvar a honra do convento, e a Budweiser Budvar (esta sim, a verdadeira Bud), que é um paradigma do verdadeiro espírito da pilsner. Qualquer semelhança com a sua homónima americana, não passa de boato.
De referir que se trata de uma cerveja largamente difundida, o que habitualmente é ligado a uma certa deterioração da qualidade original. Claro que não iria aqui arrogar-me a pretensão de conhecer a original, mas atrever-me-ia a dizer, que neste tipo de cerveja, pouco se poderia melhorar.
De cor dourada, limpíssima e borbulhante com uma gola larga, embora pouco duradoura, exala um forte aroma a maltes caramelizados. O mesmo malte no sabor, este deveras amargo, mas longe de ser desagradável. Diria que era aquele amargo “certo” sem resvalar para a adstringência, que cativa o amador cervejeiro.
É conhecido o fervor checo em relação á qualidade das suas pilsners. Razoável, sem dúvida, se tomarmos em conta, não só esta Budweiser, mas também a Pilsner Urquell, outra bela cerveja da Europa Central. E estas, sem dúvida das que aceitam temperaturas a roçar o gelado, sem perderem a “alma”


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posted by Vic at 7/13/2007 07:00:00 da tarde | 0 comments
segunda-feira, 9 de julho de 2007

Affligem é uma abadia Beneditina cujo nome remonta a 1074. Apesar das convulsões que a região sofreu ao longo dos séculos, os religiosos sobreviveram, e com eles a velha “receita” desta cerveja, cuja comercialização se iniciou no século passado, graças à aliança entre os monges e a cervejeira De Smedt, também ela com pedigree de 2 ou 3 séculos.
Claro que a qualidade superior do produto resultante desta aliança deu origem à cobiça dos grandes colossos da cerveja mundial, e a Heineken é hoje a maior accionista, tendo contudo a Abadia salvaguardado os seus direitos por muito tempo, ao mesmo tempo que garantiu que a produção não saísse da Bélgica.
E a verdade é que a qualidade se mantém, enquanto que a divulgação mundial aumentou significativamente, graças ao que, por cá, vamos tendo com regularidade esta preciosidade, nomeadamente a Blond, sem dúvida a mais distribuída.
Aliás, foi a primeira que conheci, uma “loura” cor de mel, onde os aromas a fruta e a malte, e um sabor firme, onde as frutas e o malte se juntam a uma muito nítida e amarga nota de lúpulo, à mistura com citrinos, e que permanece nas papilas durante um bom bocado. O Abv de 6,8/7º pouco se faz notar, tal a leveza do líquido.
Das outras que conheço, a Dubbel (“morena” de dupla fermentação com idêntico Abv e um gasoso bastante evidente) e a Trippel (também alourada e que apresenta no copo um generoso colarinho branco imaculado e sabores muito semelhantes à sua irmã Blond, mas cujo Abv sobe até aos 8,5º), são, também elas, duas cervejas notáveis e a não deixar escapar.
Pena que os preços sejam pouco convidativos. Mas porque não dar 2 euros por uma excelente cerveja, se tanta vez se gastam 5 ou 6 num péssimo vinho?





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posted by Vic at 7/09/2007 07:03:00 da tarde | 2 comments
segunda-feira, 2 de julho de 2007

Somos nós todos terrenos. Mesmo padres e monges. No entanto, alguns destes últimos, exibem argumentos tais que somos tentados a atribuir-lhes aquilo a que se poderia chamar de pacto divino. Com efeito, das suas mãos e inspiração, saem prodígios supremos, como esta Rochefort 10, que os monges trapistas de Notre Dame de Saint Remy têm a generosidade de partilhar connosco. Na receita, ninguém sabe se houve intervenção de Deus. Mas parece.
O líquido, muito escuro, é encimado por um colarinho branco persistente, e dele se evola um aroma a frutos secos e a chocolate.
A advertência do rótulo, que aconselha o seu consumo a uma temperatura entre os 12 e os 14º é para seguir (a cerveja “estupidamente gelada “ não é para aqui chamada, portanto). Só dessa maneira se conseguirá a plena satisfação, e o devido apreço pela complexidade do maravilhoso elixir.
E na verdade, é difícil a descrição de todas as sensações que nos invadem quando saboreamos esta obra prima. É o sabor da fruta madura, das passas, de especiarias, de licores…De olhos fechados, poderíamos ser levados a pensar estarmos na presença de um Porto vintage um pouco diferente, isto apesar de algum (pouco) gaseificado. É um líquido poderoso, mas notavelmente suave, e o seu ABV elevado (+- 11,5º) pouco se faz notar durante a degustação. Depois…bem, aí já a história é outra.
Estamos portanto, perante um produto de excepção. Aqueles 0,33cl dão um prazer quase irreal, isto se resistirmos à tentação de repetir a dose, o que não é fácil. Não tendo nunca bebido a famigerada Westvleteren, esta é sem dúvida, a minha cerveja preferida.


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posted by Vic at 7/02/2007 07:00:00 da tarde | 5 comments
domingo, 1 de julho de 2007
A Marston é uma das cervejeiras inglesas cujos produtos conheço melhor. Não por opção, mas porque é das que tem uma maior distribuição no nosso País. De qualquer forma, as suas cervejas não são para deixar de ter em conta, nomeadamente esta Strong Pale Ale.
É realmente uma lástima que, de um país que produz tanta boa cerveja, no nosso mercado pouco se conheça para além da super comercial Guinness (que é até mais bandeira dos Irish Pubs que propriamente de Inglaterra), ou da Kilkenny.
O que ressalta à vista nos produtos da Marston é o cuidado que a marca dispensa à apresentação das suas Ales. Garrafas de 0,50 cl. sempre muito bonitas, com tampas e rótulos a condizer, estes bem explícitos sobre o produto respectivo.
E no copo não destoam. No caso desta Strong Ale, está-se em presença de uma cerveja de espuma alva e abundante, mas de curta duração. O corpo, esse é acobreado com aromas muito nítidos de caramelo e com o malte bem presente.
É uma cerveja gaseificada o bastante para se tornar leve e refrescante, e o seuu ABV de 6,2º não são de modo a provocar receios. Não se pode dizer que é uma daquelas cervejas cheias de carácter, mas é bastante agradável e a tomar em consideração especialmente nos dias de canícula.
Uma Marston num pôr do sol no Alentejo oceânico, é sempre uma boa opção.


Marston Strong Ale1Marston Single maltMarston PedigreeMarston Old Empire


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posted by Vic at 7/01/2007 06:11:00 da tarde | 0 comments