Ora esta lei, principalmente nas últimas décadas, tem sido bastante contestada e atirada ao lixo por inúmeros cervejeiros de todo o mundo. E embora alguns ainda a considerem como a regra sagrada na feitura da cerveja, quase excomungando os “infiéis” que ousem transgredi-la, a verdade é que a lei já não vincula ninguém.
Na minha opinião, trata-se de um fundamentalismo ultrapassado, e, como todos os fundamentalismos, nefasto. Nefasto principalmente, se fosse seguido por todos, no que concerne à evolução do panorama cervejeiro mundial, uma industria que todos os que elegem a cerveja como a “sua bebida”, querem dinâmica, nunca estática e sujeita a confinamentos de qualquer espécie.
Numa entrevista que Marcelo Carneiro, da Cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto, dá ao Paulo Feijão em seu excelente blog,
à pergunta do Feijão:
“Na Pilsen mandioca, na Weiss Mel e na India Pale Ale rapadura, é regionalização, produtos exclusivos ou redução de custos, qual é a grande sacada destas inovações?,
o Marcelo responde exemplarmente:
“Boa pergunta, na verdade nos ultimos tempos eu vinha me questionando sobre a lei de Pureza que por mais de 10 anos segui. Não seria ela um limitante, um traquejo cultural germânico. Os belgas e americanos fazem tantas cervejas boas usando açucar, ninguém diz que é economia ou jogada de marketing.
Pois eu acho que podemos fazer uma boa cerveja com a nossa cara usando os nossos produtos e ainda por cima gente do mundo todo gostar, é possível e eu estou tentando fazer“.
É claro que, à conta destas “liberdades” se têm feito muitos atentados ao paladar, mas a verdade é que, aparentemente cumprindo rigorosamente os preceitos da velha regra, aparecem produto sem quaisquer virtudes que os recomendem.
Não será verdade, que na qualidade dos ingredientes, no cuidado da produção, e principalmente no “amor à arte“ que estará o verdadeiro segredo?
At 17 de setembro de 2007 às 16:44, Paulo Feijão
Nobres,
Por algum tempo defendi a unhas e dentes a lei de pureza, porém com o passar do tempo, amadurecendo o conhecimento vi que existem muitas cores além do branco e preto.
Mas sendo coerentes, a lei serviu na Alemanha, como uma forma de reinventar diversos estilos como a bock por exemplo com suas várias versões (Dobblebock, eisbock, maibock), a Weiss com a versão Dunkel, weissbock.
Assim como as belgas, utilizando casca de laranja, aveia ou açucar e fazendo cervejas fenomenais.
Ou a própria brasileira com rapadura ou mandioca.
Toda escola tem sua forma e seu jeito de fazer, e cada uma tem seu mérito.
At 28 de setembro de 2007 às 13:28, Jose Augusto Junior
Acabei de conhecer o Blog, e já adicionei entre os favoritos. Bom saber que cada vez mais temos pessoas escrevendo sobre nossa preciosa bebida.
Concordo tambem que a lei de Pureza não é sinonimo de qualidade, apesar de ser fundamental em alguns estilos de cerveja.
Mas limitar a criatividade dos mestres cervejeiros é algo que hoje vejo como prejudicial, e por esse motivo a Belgica e hoje os EUA tem uma diversidade tao grande de boas cervejas.
Abraços a todos