Um dia, um amigo meu confessou-me, com uma alegria esfusiante estampada no rosto, que as suas férias de sonho estavam quase a tornar-se realidade. Imaginei então que me diria a seguir que lhe tinham oferecido uma viagem às Seychelles ou Maldivas. Puro engano!
- Vou a Reims! Vou a Reims! Convidaram-me para passar 8 dias numa das melhores caves de champanhe de Reims! Já viste a minha sorte?!
Fiquei espantado! Mas logo ponderei e verifiquei de que a minha estranheza não tinha razão de ser. Afinal, ele sempre se afirmara um apaixonado pela estupenda bebida francesa, e lia tudo o que lhe vinha às mãos que a referisse, mesmo que ao de leve. Fácil portanto de entender que, para ele, aquele local para onde ia, fosse um dos paraísos sobre a terra.
Quando chegou, escreveu-me um postal ilustrado com uma fotografia panorâmica da cidade. O texto era curto: “Isto é orgásmico!”
Analogamente, acredito que para o amador cervejeiro - aqui a palavra refere-se naturalmente a “apaixonado”, ou “amante” - deslocar-se a Bruxelas e sentar-se ao balcão do Delirium Café lhe trará uma satisfação quase idêntica à que aquele meu amigo experimentou no dia da sua chegada às referidas caves.
Com efeito, uma pessoa para quem degustar uma boa cerveja - novidade, de preferência - constitui um dos prazeres da vida, chegar a uma cervejaria que lhe oferece uma “carta” com mais de 2.000 cervejas (mais de 10 de barril) deve ter uma reacção com muito a ver com o êxtase sexual.
Depois é daqueles sítios onde quem nos serve, sabe, com certeza de cerveja, o que é uma vantagem, para o caso de querermos experimentar algo de novo.
O que não falta em Bruxelas são bares quase exclusivamente cervejeiros, quase todos com uma oferta invejável, em quantidade e qualidade. Mesmo assim, o Delirium Café é uma referência incontornável, e como se costuma dizer, “ir a Bruxelas e não visitar o Delirium, é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa.
Acrescente-se que os prazeres do Delirium não se restringem ao paradisíaco
bar. Existem também as cervejas, duas delas bastante divulgadas por cá: a “Delirium Tremens” e a “Delirium Nocturnum”.
A apresentação das duas é bastante parecida e muito cuidada. A primeira é uma
semi-loura de espuma abundante, e que fervilha no copo com intensidade. De aromas e sabores frutados de baunilha, é uma cerveja com um amargo ligeiro no final. A sua “irmã” morena - a da foto - é mais encorpada, mas surpreendentemente para uma cerveja desta estirpe, torna-se bastante suave, pelo que a digestão se faz sem esforço. Aprazível, talvez seja a palavra.
Embora não sejam duas cervejas de excepção, são bastante agradáveis. O copo próprio é exemplarmente bonito, pelo que o prazer da degustação feita nele, certamente será acrescido.
Nota Final: Por cá, de vez em quando, vê-se uma luzinha ao fundo do túnel. Mas lá muito ao fundo. E muito fraquinha.
Nos próximos dias 27, 28 e 29, o Goethe-Institut Portugal, promove a 2ª Oktoberfest. O preço de entrada é de 10€, que é depois deduutível no consumo. Lá estaremos, espero...
Etiquetas: Delirium Nocturnum, Delirium Tremens
At 28 de setembro de 2007 às 05:45, Paulo Feijão
Sem dúvida, suas palavras definem muito bem o prazer que explode ao adentrar neste templo, um dia...
Mas que não demore muito este dia hahaha
Sinceramente, olhando a "carta de cervejas" no site, eu já não sabia para onde ir, ao vivo e a cores, lá no bar, talvez eu pediria um Skol para não errar hahahaha, mas nem que estivesse em promoção.