Ruivas, Louras & Morenas

terça-feira, 22 de junho de 2010
Quando se passeia por Londres em pleno Verão, o mais provável é apanhar uma molha inesperada, mesmo que à saída do hotel nos apareça radioso o sol. Mas nunca se sabe, e portanto, interessante quando tal acontece é ter um daqueles típicos pubs ingleses ali à mão. É preciso é que não seja demasiado fumarento, isto na opinião do escriba, para quem o fumo é um entrave à degustação decente de uma boa cerveja, que é o fim exclusivo com que entro num desses inconfunfíveis bares, mesmo que da sua tradição faça parte precisamente...o fumo.
Nesses pubs, geralmente a oferta de boa cerveja inglesa é farta. De barril ou de garrafa, a dificuldade está na escolha.
Não sou, porém, o que se pode chamar um indefectível das cervejas inglesas. Têm algumas memoráveis, mas na sua maioria enquadram-se naquilo a que os ingleses chamam de "Session Ales". Isto é, podemos estar uma tarde ou uma noite inteira em amena cavaqueira ao mesmo tempo que emborcamos uma após outra, que no final nos levantaremos sem a mínima dificuldade e rumaremos ao nosso destino quase como se tivéssemos acabado de beber uma coca-cola.
Lembro-me que um dia em Barcelona, ao procurar umas cervejas que me interessavam numa belíssima casa de cerveja daquela cidade, a Cerveteca, o homem que me atendia e que suponho ser um dos responsáveis, me inquiriu:
- Só gostas de cervejas fortes? - tinha a pergunta a sua origem no facto de eu procurar barley wines, que é um tipo de cervejas que dificilmente por cá se encontram, e que habitualmente atingem mais de 10% de graduação alcoólica.
Expliquei-lhe o porquê da procura, mas acrescentei que realmente aprecio mais cervejas com "alma". E fico muito mais aconchegado com uma cerveja encorpada, do que com várias daquelas muito cristalinas e suaves, e geralmente, aquosas. Foi assim a modos que dizer-lhe que prefiria a qualidade à quantidade.
O homem riu-se e respondeu-me:
- Pois olha, eu não. Prefiro fraquinhas…mas muitas!
Fiquei esclarecido. E deixei a conversa por ali, até porque o meu castelhano é pouco melhor que o de algumas figuras públicas que para aí andam e dar mais explicações podia ser complicado...
É claro que dizer que a graduação alcoólica é que dá corpo e alma a uma cerveja é um completo disparate. Há outros factores a ter em conta quando se aprecia uma cerveja. Há-as fortes que são execráveis, e outras cuja graduação pouco ultrapassa os 4% de Abv e que são excelentes.
Está neste caso esta Nut Brown Ale. 5% de Abv, uma suavidade de veludo e um sabor que se entranha de forma quase ditatorial.
Espuma de bom tamanho, pouco duradoura contudo, e uma cor acastanhada/rubi radiante. Aromas tostados muito acticvos, os frutos secos ao de cima. O sabor – ou para ser mais exacto, os sabores – misturam os malte, os frutos secos – Nut não está no nome por acaso – e uns adocicados tons de maçã ou qualquer coisa nesse género, que a definição é complexa.
Resumindo, é uma cerveja extremamente sedutora, e que dada a suavidade de todas as suas características, estou certo que nem as senhoras recusam.
Samuel Smith Nut Brown Ale - **********

Cervejeira: Samuel Smith Old Brewery (Tadcaster)

Vol/Alc: 75% Abv
Ano: 2010
Tipo: Red Ale
Copo: Pint Glass

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posted by Vic at 6/22/2010 07:37:00 da tarde |


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