Ruivas, Louras & Morenas

sábado, 17 de julho de 2010
O meu post anterior e que referia a viagem de sonho, originou uma resposta do companheiro Barbas bastante curiosa. Tanto, que resolvi dar resposta à mesma, através de nova postagem, uma vez que me parece que assim lhe daria uma outra visibilidade.
E achei-a curiosa porque, em parte, parecia ter-me lido o pensamento, uma vez o meu primeiro impulso, foi precisamente estender a viagem até à Dinamarca.
Não, não pensei nem na Itália, nem na Nova Zelândia, esta última por se desviar “um pouco” da rota. Na Dinamarca, sim, sem dúvida.
Mas depois, e relendo a proposição do iniciador da ronda, pareceu-me ler nas entrelinhas, e aquilo tudo muito bem espremido, a pergunta sacramental: afinal, em termos de cerveja, qual o teu país preferido?
Ora, eu já estendera a coisa a três países - ou 4, para ser exacto, uma vez que sugerira uma saltada a Amsterdam - e ir mais além, parecia dar a sensação de, afinal, escapar ao cerne da questão.
Mas na verdade, e dada a faculdade de poder deixar para trás toda e qualquer limitação económica - que, por um acaso, nem é a vertente mais limitativa, o que não se poderá dizer em relação ao tempo - a Dinamarca seria o fim de viagem ideal, se bem que - e lá vem outra vez à baila o dinheiro - se possa dizer que o preço da cerveja por lá, não seja muito convidativo. Em contrapartida, a oferta é extraordinária.
Mas o que eu queria evocar mais uma vez, são aqueles que parecem ser os Midas (mas em bom) dos tempos modernos, os Struise, É que além de escoarem parte da produção para os EUA, colaboram também com um prodígio cervejeiro, Mikkel Borg Bjergso, o pai de alguns dos, hoje, mais cotados produtos neste ramo, as Mikkeller. E claro, o rapaz é dinamarquês, e o seu bar é em Conpenhague.
Refere o Barbas acertadamente, que na Dinamarca se situam as mais americanas das micros europeias. Refere-se naturalmente à “escola americana”, da qual a Anchor e a Flying Dog - já aqui referidas - são só dois exemplos.
E acrescentaria eu que o redescobrir das “porter”, aos americanos muito deve, o que já não é pouco.
Portanto, mais uma estirada até norte, e fim de jornada em beleza no celebrado Mikkeller Bar, com memória garantida para muito tempo.

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posted by Vic at 7/17/2010 12:01:00 da manhã | 4 comments
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Apesar de muito atraso - para ser exacto, há muito que não participava nesta interessante iniciativa - achei extremamente aliciante o desafio lançado no mês passado na Ronda Cervejeira, e decidi participar, mesmo que o seu iniciador já tenha feito um resumo dos textos dos nossos compagnons de route que nela participaram.
O tema era a viagem cervejeira de sonho, independente da disponibilidade financeira de cada um.
Claro que a não existir esse “pequeno” óbice, a viagem perfeita seria, na opinião de muitos, uma quase volta ao mundo. Embora, naturalmente, haja sítios a evitar.
A cervejaria brasileira, tal como a americana, parece estar em plena ebulição, embora talvez por uma maior capacidade financeira, a americana apareça nos dias de hoje muito destacada. Depois, há a iniciativa. E quer gostemos mais ou menos dos americanos, nessa vertente são quase imbatíveis. Há cerca de ano e meio, tive conhecimento que um pequeno mas conhecido bar do Maine, o Ebenezer’s Pub, conseguiu que os manos Struise - na actualidade provavelmente os mais inovadores cervejeiros belgas - os fornecessem com a maravilhosa Black Albert de barril. Portanto, eles não se contentam em fazer coisas novas, querem coisas novas (e boas) feitas noutros pontos do globo (e não será esta a melhor forma de aprender?).
Aqui chegados, duas opções: ou uma viagem através do Brasil, em busca das suas micro-cervejeiras, ou uma subida de Los Angeles a Seattle, em busca do muito que de bom aí se faz.
Mas não, a minha escolha seria mais conservadora, e a opção, essa sim, a definitiva, iria partir de Barcelona, e iniciaria uma busca pelas novas micros catalãs, onde não poderia faltar, naturalmente, a Ca L'Arenys para experimentar a Guineu Riner na origem.
Depois, subiria França, que para muitos estará longe de ser um paraíso cervejeiro, mas para mim tem o encanto muito especial das suas biéres de garde, até chegar ao céu cervejeiro a Bélgica, pedaço de terra tão pequeno mas tão superpovoado de pequenas cervejeiras, a maior parte delas autoras de pérolas difíceis de igualar.
Obviamente, a orgia cervejeira teria que passar obrigatoriamente por, pelo menos 3 sítios na terra de Brel: a Abbaye de Sint-Sixtus, local de feitura da melhor cerveja do mundo, a Struise Browerij (onde quer que eles estejam)*, um fenómeno de criatividade e competência, e o Kulminator, talvez o melhor bar de cervejas do mundo, em Antuérpia.
É mais que evidente, a viagem seria longa e com grandes paragens. Ninguém bebe duas ou três Westvleteren e sai a conduzir. E levar alguém para servir de motorista e obrigado a ser abstémico em lugares destes, seria uma crueldade de que sou incapaz.
Muito haveria a dizer sobre uma tal viagem, mas corro o perigo de me tornar enfadonho: poderia dizer que, estando na Bélgica, seria imperdoável não ir ao Delirium, em Bruxelas, mas parece-me bem mais interessante o bar de Antuérpia. E sendo o território tão acanhado, uma passagem por Bruges, nem que fosse só pela maravilhosa cidade que é, mas aproveitando-se - já agora - para beber umas Brugse Zot, uma das minhas cervejas preferidas, sejam as “louras” ou as “morenas”.
Quem sabe, se o tempo permitisse, não fosse má ideia subir um pouco mais acima e trazer umas recordações nórdicas da sempre bem fornecida Cracked Kettle, em Amsterdam.

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posted by Vic at 7/15/2010 07:49:00 da tarde | 1 comments
domingo, 11 de julho de 2010
Dois Locais de Cerveja...
Não há fome que não dê em fartura. Depois de muito tempo de marasmo, parece que, no que diz respeito a cerveja, algumas coisas vão mexendo por cá.E assim, pelo Algarve, mais precisamente na Estrada de Santa Eulália abriu uma Loja/Bar com uma boa variedade de cerveja estrangeira, a Beer Spot. O melhor cartão que poderia apresentar é a sua cerveja de barril, a Dominus, uma cerveja belga escura e intensa de que já aqui falei (a sua origem não engana, é a mesma das La Trappe). Refira-se que também tem loja on-line.
Ainda neste registo, é com muito agrado que refiro um restaurante/esplanada, o Fábulas, de estrutura invulgar - muito bonito, diga-se - situado na zona do Chiado, nos fundos de um dos prédios recuperados do incêndio e deixados quase em cru, como se vê nas imagens. No que diz respeito a cerveja, a oferta não é extensa, mas, pelo menos tem duas cervejas muito pouco divulgadas por cá, ambas da Meantime: a Chocolate Stout e a London Porter, esta em garrafas de 75cl. A merecer uma visita, até porque os “comes” são também muito agradáveis.

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....Um Novo e Excelente Blog...

Outra boa notícia é o “nascimento” de outro blog dedicado a estes assuntos, o “À Base de Cerveja”, do meu compagnon de route Barbas, grande amante da bela bebida e grande coleccionador de bases de copos, que no seu sítio, disserta sobre vários assuntos directamente relacionados com a nossa bebida preferida, pegando sempre numa das bases da sua colecção.
Curiosamente, o último tema leva-nos até à …3ª Guerra Mundial. Uma metáfora, pois claro, e que reflecte alguma da insensatez que por vezes nos possui, e que desta vez tomou conta dos mestres de duas cervejeiras - uma alemã, outra escocesa - que iniciaram (?) uma disputa sobre quem conseguiria a cerveja mais potente - em termos de teor alcoólico - do mundo. A irracionalidade já os levou até aos 43º (???) o que faz corar de humildade a velhinha EKU28, a outrora auto-intitulada cerveja mais forte do mundo, com uns modestos 12º de Abv. Mas o melhor é mesmo lerem o texto, elucidativo e extremamente bem escrito.

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...E Uma Bela Morena Inglesa - Inglesas (12)




No Fábulas, experimentei pela 1ª vez a Meantime Chocolate Stout. Depois, tive que repetir a experiência em casa, que é onde melhor consigo desfrutar estes pequenos prazeres, com a cerveja à temperatura ideal, servida em copo condigno, e com a calma devida à apreciação adequada.
Nos tempos que correm, em que se procuram novas (e mais fortes) emoções, o que por vezes nos leva a um certo destempero como se prova no artigo do Barbas acima citado, é bom verificar que há coisas que ainda são o que eram (e nem sou muito de dizer que “no meu tempo é que era“).
Esta Meantime Chocolate é tudo aquilo que se pode esperar de uma clássica Stout inglesa: tem corpo, tem aromas, tem sabor, e é…moderada quanto baste, no que diz respeito a alcoóis.
Belo “embrulho” - a garrafinha é original, a lembra uma miniatura de champagne - com a clássica carica muito bonita e um rótulo sóbrio mas explicativo, onde se destaca a principal característica desta cerveja: a predominância do chocolate.
E que logo na abertura da garrafa se destaca: aquele aroma a chocolate negro salta com a mesma força que uma rolha de garrafa de champagne depois desta bem agitada. E o sabor é condizente. Como acredito que quem me lê estará minimamente informado sobre as características gerais de uma stout, escuso-me a maior descrição, embora possa acrescentar que, ao contrário do que é normal neste tipo de cervejas em que a gola é acastanhada e persistente, nesta, esse dedo travesso de espuma tem um acastanhado menos pronunciado e desaparece com relativa facilidade. De resto está lá tudo, embora se possa dizer que há stouts mais efervescentes que esta.
Para finalizar a apreciação, poder-se-ia dizer que é uma bela cerveja, gulosa porque tem aquele irresistível amargo/doce do chocolate negro, e um teor alcoólico que, obviamente, convida a uma repetição, tal a satisfação que proporciona.


Meantime Chocolate Stout - **********


Cervejeira: Meantime Brewing Company LTD
Vol/Alc: 6,5% Abv
Ano: 2010
Tipo: Chocolate Stout


Copo: Goblet

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posted by Vic at 7/11/2010 07:29:00 da tarde | 0 comments
sábado, 3 de julho de 2010
A idade traz consigo coisas chatas: vamos perdendo qualidades físicas, mentais também, vamo-la encarando em momentos mais melancólicos como uma fatalidade. Por outro lado, vai-nos ensinando outras, uma delas, a não acreditar em tudo o que nos dizem. Ou insinuam. Pode-se dizer que a idade nos torna desconfiados e na maior parte dos casos, menos permeáveis à publicidade, menos acessíveis às grandes campanhas (é curioso como me apercebo que a vertente em que mais falhamos é talvez a mais importante, e que diz respeito à coisa política)
Como uma vez referi, até há uns anos atrás, entre nós, a cerveja dos EUA era uma miragem porque a imagem que por cá passava era a da malfadada Bud, uma lager sem graça, uma espécie de água com um leve travo a cerveja e que nem para refrescar serve. Ora como não havia outra para comparar, julgaríamos nós que, por lá, a industria cervejeira era incipiente e até desprezível.
Hoje a oferta subiu (tento crer que tenham produzido algum efeito os lamentos da nossa pequena comunidade cervejeira) e apercebemo-nos que aquela visão estava deturpada e nada condizente com a realidade.
Good Beer, No Shit” é a frase lapidar que consta no rótulo de algumas das cervejas da Flying Dog. E podiam os cervejeiros da Flying Dog pô-lo em todas (preferiram: Good People Drink Good Beer, o que também é simpático), porque é a verdade nua e crua, não se trata de um vão auto elogio. E asseguro que no caso em apreço, é uma crença que advém da experiência
Desta “imperial porter” pode-se dizer que cumpre com todos os requisitos que se exigem a uma porter tradicional: tem uma espuma cor de chocolate e “imperial”, um corpo maciço escuro e com reflexos quase sanguíneos à contra luz, pouca carbonatação inversamente proporcional ao aroma e sabor intensos a chocolates e maltes tostados. Dos 7,8º de Abv marcados no rótulo nem vestígios, quer ao nariz, quer às papilas gustativas, o que demonstra bem do equilíbrio desta moreníssima da Flying Dog.
Sem remorsos, desta, bebem-se duas seguidas: uma a acompanhar uma boa carne assada, outra como sobremesa
Gonzo Imperial Porter - **********

Cervejeira: Flying Dog Brewery
Vol/Alc: 7,8% Abv
Ano: 2010
Tipo: Imperial Porter

Copo: Goblet

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posted by Vic at 7/03/2010 09:27:00 da tarde | 2 comments
sábado, 26 de junho de 2010

Injustiça por omissão. Foi o que aconteceu comigo, sendo eu o réu. Como deixei este sítio abandonado durante uns meses, ao retomá-lo fui fazer um resumo do e sobre o que escrevera antes, e verifiquei com estupefacção que nunca me referira a uma cerveja que é quase companhia diária: a Leffe Brune.
A Leffe, uma das mais populares cervejas de abadia belgas, é possivelmente mais reconhecida pela sua “blonde”, talvez a melhor blonde ale do país de Brel (note-se que a Duvel é uma strong ale, portanto sem termo de comparação), mas tendo ainda na sua gama uma radieuse ou uma triple e a 9º ou a Vieille Cuvée, confesso a minha predilecção pela sua morena, que costumo beber ligeiramente fresca - nunca demasiado para não queimar sabores - e sempre com grande satisfação.
De espuma abundante e teimosa que vai deixando rasto em alvos anéis no copo, e que mantém até ao fim da degustação, mesmo que esta demore mais que o habitual, o corpo, compacto e de cor muito escura como é normal nas dubbel, é robusto em aromas e sabores, no qual predominam as frutas frescas, e ao qual uma gaseificação natural e no ponto acrescenta uma frescura muito agradável.
Há no entanto uma diferença significativa entre a Brune de pressão (na foto) e a de garrafa. Como é natural, diariamente, consumo a de garrafa, mas prefiro a de pressão - preferência natural, eu sei, que as cervejas de pressão são normalmente de qualidade superior - e por vezes os meus almoços no Les Enfants Terribles são mais pela bela morena, que propriamente pela parte sólida da refeição em si. No entanto, a diferença não é tão dramática que me faça desgostar das que vou, nas tardes de lazeira, buscar ao frigorífico, e que saboreio ao mesmo tempo que, pela janela vejo o sol mergulhar no Tejo.
Um exercício de abstracção total que me deixa sempre em estado zen.

Leffe Brune - **********

Cervejeira: Abbaye de Leffe, Belgica
Vol/Alc: 6,5% Abv
Ano: 2010
Tipo: Brune
Copo: Goblet

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posted by Vic at 6/26/2010 07:19:00 da tarde | 0 comments
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Ao que parece e no que diz respeito á nossa bem amada bebida, as coisas vão mexendo.
Depois da excelente iniciativa da inauguração de uma Cask-Ale no Les Enfants Terribles, descobri que um dos meus restaurantes preferidos, inaugurou uma (ainda reduzida) carta de cervejas, mas de excelente qualidade.
O Sommer é um restaurante na Rua da Moeda, mesmo em frente ao edifício dos CTT da Praça de D. Luís, e que comecei a frequentar há um pouco mais de um ano. Um dia espreitei a carta exposta à porta, deparei com uns pratos interessantes e a preços muito apelativos e entrei. Lembro-me que o 1º que experimentei foi uma tranche de perca sobre esmagado de grão e espinafres que estava espectacular. A partir daí passei a cliente assíduo ao almoço. Nunca saía decepcionado com o que comia e a satisfação só não era completa porque a carta de cervejas era praticamente inexistente. Um dia queixei-me mesmo ao dono - uma simpatia - de que era uma lástima não terem uma lista de cervejas semelhante à dos vinhos, que, ao que sei (não sou um especialista na matéria), é muito boa. Ele tomou nota do meu queixume e disse-me que ia ver o que se podia fazer.
Há uns tempos, e porque passei a ter que frequentar menos aquela zona, as visitas tornaram-se mais esporádicas. Mas ontem à tarde ao passar à porta, não resisti a espreitar a ementa e lá estava a surpresa: uma lista especial dedicada ao Mundial de 2010, que podem consultar seguindo o link. Como se pode constatar, quase no fim lá está: Cerveja Estrangeira - 2€50! Pelo preço, fiquei a imaginar que seria uma daquelas lastimáveis Bud's ou Heineken's. Mas não, trata-se mesmo de cerveja à séria! Poucas mas boas: exactamente 3 da americana Flying Dog, o que excedeu em muito o que poderia aspirar. E vá lá, façamos então publicidade a quem merece, a UnicBeer que "furou" algum estranho bloqueio que até aqui pudesse existir, e começa enfim a vender por cá cervejas da Anchor (Hum!!! só de me lembrar da Old FogHorn...salivo), da Flying Dog, da Boon e da Meantime (ai, aquela Chocolate Beer!!).
Portanto, amanhã lá estarei no Sommer à almoçar e até já escolhi o que vou beber: uma Road Dog Porter! Vamos ver o que vai ser a acompanhar, mas tenho a certeza de que será bom (como se vê, nestes casos funciono um pouco ao contrário do habitual: escolho o prato em função da cerveja).
A quem me quiser seguir um destes dias as pisadas, três ou quatro conselhos/avisos:
- O menú do jantar é diferente do almoço e bem mais oneroso.
- Ao sábado só servem jantares, e é conveniente fazer a marcação antecipada.
- A sala é ampla e o ambiente muito agradável
- As sopas são SEMPRE excelentes.
Enjoy!

Vic

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posted by Vic at 6/24/2010 05:48:00 da tarde | 8 comments
terça-feira, 22 de junho de 2010
Quando se passeia por Londres em pleno Verão, o mais provável é apanhar uma molha inesperada, mesmo que à saída do hotel nos apareça radioso o sol. Mas nunca se sabe, e portanto, interessante quando tal acontece é ter um daqueles típicos pubs ingleses ali à mão. É preciso é que não seja demasiado fumarento, isto na opinião do escriba, para quem o fumo é um entrave à degustação decente de uma boa cerveja, que é o fim exclusivo com que entro num desses inconfunfíveis bares, mesmo que da sua tradição faça parte precisamente...o fumo.
Nesses pubs, geralmente a oferta de boa cerveja inglesa é farta. De barril ou de garrafa, a dificuldade está na escolha.
Não sou, porém, o que se pode chamar um indefectível das cervejas inglesas. Têm algumas memoráveis, mas na sua maioria enquadram-se naquilo a que os ingleses chamam de "Session Ales". Isto é, podemos estar uma tarde ou uma noite inteira em amena cavaqueira ao mesmo tempo que emborcamos uma após outra, que no final nos levantaremos sem a mínima dificuldade e rumaremos ao nosso destino quase como se tivéssemos acabado de beber uma coca-cola.
Lembro-me que um dia em Barcelona, ao procurar umas cervejas que me interessavam numa belíssima casa de cerveja daquela cidade, a Cerveteca, o homem que me atendia e que suponho ser um dos responsáveis, me inquiriu:
- Só gostas de cervejas fortes? - tinha a pergunta a sua origem no facto de eu procurar barley wines, que é um tipo de cervejas que dificilmente por cá se encontram, e que habitualmente atingem mais de 10% de graduação alcoólica.
Expliquei-lhe o porquê da procura, mas acrescentei que realmente aprecio mais cervejas com "alma". E fico muito mais aconchegado com uma cerveja encorpada, do que com várias daquelas muito cristalinas e suaves, e geralmente, aquosas. Foi assim a modos que dizer-lhe que prefiria a qualidade à quantidade.
O homem riu-se e respondeu-me:
- Pois olha, eu não. Prefiro fraquinhas…mas muitas!
Fiquei esclarecido. E deixei a conversa por ali, até porque o meu castelhano é pouco melhor que o de algumas figuras públicas que para aí andam e dar mais explicações podia ser complicado...
É claro que dizer que a graduação alcoólica é que dá corpo e alma a uma cerveja é um completo disparate. Há outros factores a ter em conta quando se aprecia uma cerveja. Há-as fortes que são execráveis, e outras cuja graduação pouco ultrapassa os 4% de Abv e que são excelentes.
Está neste caso esta Nut Brown Ale. 5% de Abv, uma suavidade de veludo e um sabor que se entranha de forma quase ditatorial.
Espuma de bom tamanho, pouco duradoura contudo, e uma cor acastanhada/rubi radiante. Aromas tostados muito acticvos, os frutos secos ao de cima. O sabor – ou para ser mais exacto, os sabores – misturam os malte, os frutos secos – Nut não está no nome por acaso – e uns adocicados tons de maçã ou qualquer coisa nesse género, que a definição é complexa.
Resumindo, é uma cerveja extremamente sedutora, e que dada a suavidade de todas as suas características, estou certo que nem as senhoras recusam.
Samuel Smith Nut Brown Ale - **********

Cervejeira: Samuel Smith Old Brewery (Tadcaster)

Vol/Alc: 75% Abv
Ano: 2010
Tipo: Red Ale
Copo: Pint Glass

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posted by Vic at 6/22/2010 07:37:00 da tarde | 0 comments