Ruivas, Louras & Morenas

domingo, 11 de novembro de 2007
Uma das cervejas que está quase sempre presente nos tops de preferências dos “amantes” cervejeiros é a Westmalle, ou não fosse ela uma cerveja trapista, denominação que em todo o mundo é sinónimo de qualidade. Michael Jackson, o famoso guru cervejeiro recentemente falecido, enaltecia das trapistas as virtudes e visitava assiduamente os conventos em cujas catacumbas se escondiam os artefactos com que se fabricam os elixires que nos maravilham.
Uma vez perguntou ao monge encarregado de uma das brasseries trapistas, a que se devia a qualidade daquelas cervejas, e o inquirido respondeu simplesmente que "talvez à paciência beneditina”.
E paciência, ou antes, tranquilidade é o que se deve ter para degustar estes líquidos com a atenção que eles merecem, tal a sua complexidade. Diria que merecem, que todos os nossos sentidos nelas se concentrem, para que as assimilemos na sua plenitude.
Esta Westmalle que hoje trago, a dubbel, é um dos tais produtos que enchem as medidas pela sua densidade. Por vezes interroga-se o menos conhecedor e habitual consumidor das “lagers”, leves como plumas, porque é que os monges, tão frugais nas comidas, se dedicaram á confecção de bebidas tão compactas. Resposta fácil: precisamente para compensar as severas dietas. A cerveja era considerada “o pão líquido” , e a não ser como são, dizia ainda a monástica figura “há muito os trapistas teriam sucumbido”. E realmente, para quem as provas, parece difícil conseguir sobreviver, sem, de vez em quando, voltar a elas.
Esta trapista da Abadia de Malle, morena de belos reflexos rosados e mousse exuberante e medianamente duradoura, exala aromas a caramelo e lúpulo. Na boca, tem uma presença “dry”, com o lúpulo também aqui bem presente, e a “presença” é vigorosa, com notas caramelizadas e citrínicas (laranja, talvez).
Acima de tudo, uma cerveja muito equilibrada, da qual não se detecta qualquer sinal de álcool, que, no entanto, está bem presente - não sendo das mais “poderosas” trapistas, mesmo assim, o seu Abv ultrapassa ligeiramente os 7º.
Ah, e vem muito bem apresentado, na sua garrafinha arredondada, de rótulo igualmente agradável e informativo.
Uma daquelas cervejas que nunca devem faltar numa bieroteca (será um neologismo?) que se preze.
Westmalle Dubbell: - **********




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posted by Vic at 11/11/2007 01:11:00 da tarde |


4 Comments:


At 13 de novembro de 2007 às 02:24, Blogger galvao99

Magnifico post, para nao variar.

Tenho de começar a tirar apontamentos para nao me esquecer das cervejas que recomendas.

Há dias provei a fruto proibido, que tenho ideia de ter lido sobre ela aqui, mas nao consegui achar o post respectivo. Gostei bastante, muito gulosa.

 

At 15 de novembro de 2007 às 15:44, Blogger Paulo Feijão

Nobre Almeida

Belíssimo texto, ótima descrição, me fez colocar a Westmalle Tripel, que tenho aqui na geladeira.

 

At 16 de novembro de 2007 às 09:54, Blogger VdeAlmeida

É, a fruto proibido é uma excelente cerveja, galvao99.
O post deve ser o que fala da Hoeggarden, visto a fruto proibido ser uum produto dessa cervejeira
Abraço

 

At 16 de novembro de 2007 às 09:55, Blogger VdeAlmeida

Amigo Feijão

A Tripel vem a seguir :)
Aguardo resposta ao meu mail, hein?

Abração