Ora então, que diabo é uma “Barley Wine” (ou barleywine)? Traduzido à letra seria “vinho de cevada” o que elucidaria muito pouco. Na sua essência, significa que a cerveja debaixo desta denominação pode ser tão forte como o vinho…mas é cerveja, uma vez que é feita com base em grão e não em frutos. E efectivamente, o grau alcoólico deste tipo de cerveja andará quase sempre entre os 8 e os 12%, o que é significativo quanto ao seu vigor. A origem desta “strong ale” remonta à Inglaterra do século XIX (?), mas tem hoje muito seguidores no resto da Europa e nos Estados Unidos, onde lhe acrescentam á designação a palavra “style” para reforçar a ideia de que não se trata realmente de um vinho. Pela altura, a Inglaterra andava em guerra permanente com a França, e um patriota devia beber uma Ale e não vinho (francês). Assim, nasce a Barley Wine, que, na altura, era guardada em cascos por 18 ou mais meses (ainda hoje uma boa barley wine “aguenta” satisfatoriamente um período dilatado de envelhecimento).
Especificamente desta, um excelente exemplo da revigorada indústria norte-americana, por vezes tão pouco estimada por quem só dela conhece a fatídica Bud, poderei acrescentar que se trata de uma cerveja frutada, densa, licorosa, de forte personalidade, tal como a antecessora, a Thomas Hardy, embora um pouco menos odorosa. Aliás, o aspecto delas depois de vertidas no copo é muito semelhante, embora não sejam enquadradas no mesmo estilo (chegado aqui, devo referir que há quem considere a TH como uma barleywine, embora a própria O'Hanlon's não a refira como tal). Encorpada, é uma cerveja frutada e com laivos de malte, em sabores muito acentuados, e um pouco adocicada no “final de boca”.
Como qualquer Barley Wine, trata-se de uma cerveja propícia a comemorações, ou, mais simplesmente, a uma boa sobremesa. Uma excelente sobremesa, diria eu.
Cervejeira: Anchor Brewing Company, California, USA
Vol/Alc: 10% Abv
Ano: 2007
Tipo: American Barley Wine
Etiquetas: Anchor Old Foghorn
At 31 de janeiro de 2008 às 17:44, JC
Fantástico!!! Apesar de eu "ser mais vinho", gosto de experimentar cervejas a sério, embora esteja longe de ser um expert. Havia um restaurante (se é que se pode chamar assim) no "Monumental" onde era possível beber algumas. Tb na "Travessa". Sabe com certeza mais alguns sítios em Portugal que pode indicar. Quando ia muito à alemanha lá me perdia pelas tasquinhas, experimentando aqui e acolá.
Abraço
JC
At 31 de janeiro de 2008 às 18:22, VdeAlmeida
Caro JC
Infelizmente, os sítios onde se pode degustar uma cerveja decente contam-se pelos dedos, cá pela capital (mesmo no país todo, são poucos)
No Monumental é o Medeia. Ainda existe e tem algumas boas cervejas, entre as quais as benditas Chimay e a branca Hoeggarden, esta à pressão. Mais algumas razoáveis. Pena não fazerem rotação, como se faz lá fora.
A Travessa, que por acaso é aqui perto de mim, não sei se ainda serve as cervejas belgas que eram habituais por lá.
De resto, há o British Bar que (para o nosso pobre panorama cervejeiro) tem uma "carta" jeitosa, para aí umas 15 a 20 cervejas diferentes, quase todas belgas, como´é natural
Para comprar, há sempre o El Corte Inglês, que tem uma variedade já respeitável (embora longe do quue se vê lá por fora, mas é normal, porque estamos num país de vinho).
Nos outros hipermercados, há sempre alguma coisa, mas pouco.
Enfim, tenhamos esperança que o panorama mude em breve!
Abraço
At 2 de fevereiro de 2008 às 22:14, Paulo Feijão
Caro Almeida
Esta a ficar chato visitar este nobre espaço, pois as cervejas degustadas por ti são fenomenais, deixando nós aqui deste lado do Atlântico sedentos por estas maravilhas. A Old Foghorn já participou de meus sonhos, a Anchor é um referência americana.
A boa noticia é que a Thomaz Hardy está aportando no Brasil, em breve também terei o prazer de ter uma foto deste precioso líquido.
Abraços
At 5 de fevereiro de 2008 às 10:41, galvao99
Pela descrição é um tipo de cerveja ao meu gosto, ainda mais porque me agradam as cervejas que terminam com um leve toque doce.
JC,
Sitios para experimentar "cervejas a sério" há poucos em Lisboa, mas para alem dos já mencionados, deixo o Hemingway na marina de cascais, com ambiente e vista que ajudam à digestao.
VdeAlmeida,
Quanto à referencia ao visitante, nao diria conselho mas sim sugestão, nem muito menos ilustre, antes humilde e com boas intençoes.
abraço a todos