Mas suponho que volto bem, pese embora a minha vontade de vos falar de novidades natalícias em matéria cervejeira e não ter nada para vos oferecer. É verdade, não sei se devido à famigerada crise, aquelas belas cervejas de Natal que costumavam ter (tímida) aparição nos escaparates dos supermercados, desta vez nem cheiro delas, a não ser a inevitável Gordon Xmas, que embora de boa qualidade, não nos apaga a vontade de conhecer coisas novas.
Pois é, as cervejas de Natal costumam ser das melhores que as cervejeiras fazem, capazes de aquecer corpo e alma e luzir os olhos de satisfação, mas se quis alguma coisa de especial, tive que mandar vir de fora, e já há algum tempo.
Numa pequena encomenda que fiz à La Maison Belge lá vinham incluídas duas garrafas de 75 cl da La Chouffe N’Ice, a bela cerveja especial que a cervejeira LaChouffe faz para esta época especial.
Decidi-me a abrir uma há uns dias. Ao contrário de algumas outras cervejeiras que optam por rolhar a garrafa ao estilo champanhês, a AChouffe prefere o método tradicional cervejeiro, com a normalíssima tampa de lata. O rótulo, como é habitual na D'AChouffe, é divertido, com os anões adaptados ao tempo rigoroso do Natal, e as informações são as necessárias: tipo de cerveja, origem, componentes (curioso o uso de tomilho e curaçao), grau etílico e nada mais, como quem diz, “o resto, comprovem ao beber”.
E diga-se que vale bem a pena. Imponente e cremosa espuma que vai desaparecendo deixando laços no copo, e corpo de um castanho escuro e profundo.
Ao nariz, faz chegar um suave aroma a frutos secos, passas de uva e algum álcool que não retira o apetite de a degustar. Na boca, um cacharolete de sabores, muita fruta seca à mistura com indícios de maltes e chocolates, e um fim de boca muito persistente e adocicado com travos de especiarias. Sendo uma cerveja potente - apresenta uns respeitáveis 10º de Abv - nunca se torna agressiva, o que é raro numa cerveja deste tipo.
Em conclusão, poder-se-ia dizer que, por muito pobre que seja um Natal, a N’Ice decerto o enriquecerá sobremaneira. Uma cerveja que, como disse, aquece o corpo e a alma.
Devo dizer que há um grande debate sobre os tipos e sub-tipos de cerveja, e em muitos casos há algumas divergências na forma de catalogar algumas - por exemplo, não raro acontece estarmos a beber uma Porter julgando estarmos em presença de uma Stout, só conseguindo a diferenciação através da definição dada pelo rótulo - mas disso, e porque é um tema que acho muito interessante, falarei no próximo post. Contudo, e relativamente a esta, a confusão é impossível: trata-se mesmo de uma Belgian Dark Strong Ale, um dos meus tipos de cerveja preferidos.
Cervejeira: Brasserie D’Achouffe, Bélgica
Vol/Alc: 10% Abv
Ano: 2008
Tipo: Belgian Dark Strong Ale
Copo: Goblet
Etiquetas: La Chouffe N'Ice
At 5 de janeiro de 2009 às 21:06, Rodrigo Campos
Olá V de Almeida,
Primeiramente queria te convidar para conhecer o meu blog cervejeiro que estou escrevendo a menos de um mês: paraquevocerveja.blogspot.com
O seu blog está recomendado por mim nos links.
Queria também te perguntar sobre a sua experiência com as cervejas do Estilo Belgiam IPA como Urthel Hop-It, Houblon Chouffe IPA Tripel, Gouden Carolus Hopsinjor e, pelo que diz o Beer Advocate, até a Piraat. Sei que é um estilo novo mais lupulado para agradar o mercado americano lupulomaníaco. Já tive a oportunidade de provar a Urthel e esperava maior presença de lúpulo e amargor nela e não foi o que encontrei. Na Piraat então, para mim está mais para uma Belgiam Golden Strong Ale, como a Duvel. Parece que você já provou algumas dessas. O que você tem de impressão sobre elas e sobre o estilo em geral. É para ser lupulada e amarga como as IPA tradiconais inglesas ou a intensidade de maltes utilizados nas belgas escondem este lúpulo.
Um abraço.
At 20 de junho de 2009 às 02:18, Catador
Está lista la invitación a la Ronda nº 13
Estás cordialmente invitado