
Mas por muitas rasteiras que nos pregue, parece que ainda há certas zonas do nosso relógio biológico que não se deixam “levar”. E é assim que, como é hábito nos fins de Março, começa-me a chamar o corpo para a beira-mar e frescuras a condizer.
Foi por isso que passando uma vista de olhos pela “bieroteca”, não resisti ao apelo desta Kriek da Timmerman. Peguei-lhe, meti-a no frigorífico e pensei no que haveria de a acompanhar.
Decidi-me por um queijo de Seia, um serra meio-curado, ainda capaz de se barrar no pão, que ao caso foi uma excelente baguete rústica que o Corte Inglês costuma fazer - embora parcimoniosamente - e que, bem cozido como é hábito neles, estala a cada dentada. Pão guloso, este. E o queijo não o era menos.
Em relação á cerveja, já me confessei nada preconceituoso. É por isso que não ostracizo estas lambics, como alguns extremistas da cerveja “pura” fazem. Sabem-me bem frescas no ponto, seja a Kriek, seja a Framboise, passando pela Faro.
Foi uma coincidência, mas o certo é que tendo referido a acidez da anterior cerveja aqui descrita, a Earthmonk, não podia deixar de a referir também nesta, embora na circunstância, ela se misture convenientemente com o alegre adocicado da cereja. Podemos pois dizer que se trata de uma cerveja agridoce, como aquele prato de suíno que se come tantas vezes nos restaurantes chineses(?).
Sem uma espuma digna de reparo, apresenta aromas muito agradáveis à fruta que lhe está na origem, e uma bela cor rosada a condizer. O sabor não poderia ser outro. Há quem aponte a esta cerveja o “pecado” de ser demasiado comercial. Mas eu penso que a comercialização só estraga aquilo que na sua génese já não é bom. E esta cerveja da cervejeira Timmermans é bem boa dentro do seu estilo.
Cervejeira: Timmermans-John Martin N.V.
Vol/Alc: 5,0% Abv
Ano: 2007
Tipo: Lambic
Copo: witte beer


Etiquetas: Timmermans Kriek Lambic
